Relatório Mudança do Clima no Brasil aponta aumento de 3°C na temperatura.
Em todo o hemisfério Sul, os maiores aumentos de temperatura acontecem nas regiões subtropicais da América Latina, onde o Brasil se localiza.
Por Jornalismo Tempo FM
06 de Novembro de 2024 às 18:53
O Brasil está mais quente. Nos últimos 60 anos, o aquecimento em algumas regiões do país foi maior que a média global, chegando a até 3º Celsius na média das temperaturas máximas diárias em algumas regiões, aponta o relatório Mudança do Clima no Brasil.
O estudo foi lançado oficialmente hoje, quarta-feira (06) em Brasília e aponta que eventos extremos como secas ou enchentes podem atingir o Brasil de forma mais frequente até 2050, caso não sejam tomados os cuidados necessários.
De acordo com o estudo, desde o início da década de 1990, o número de dias com ondas de calor no Brasil subiu de sete para 52, até o início da década atual.
Os pesquisadores concluíram ser necessário manter o limite de 1,5º C no aumento médio da temperatura global e não permitir que as emissões de gases do efeito estufa continuem crescendo, e para isso, é necessário rever as ambições das políticas nacionais.
O estudo aponta ainda a importância da cooperação internacional no financiamento climático, desenvolvimento e transferência de tecnologias limpas, além do reforço coletivo para diminuir as emissões de gases do efeito estufa.
A partir das projeções para os próximos 30 anos, apresentadas de forma inédita pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, com o objetivo de orientar ações de adaptações, os pesquisadores também concluíram que se o limite de 2ºC for atingido, em 2050 limiares críticos para a saúde humana e a agricultura serão ultrapassados com mais frequência.
Essa elevação de temperatura faz com que a água evapore mais, tornando as estações e áreas secas ainda mais secas, e, ao mesmo tempo, carregando mais umidade, o que provoca chuvas mais intensas, em menor espaço de tempo, nas regiões úmidas e estações chuvosas.
O Nordeste, a região amazônica e o Centro-Oeste têm sofrido secas mais prolongadas, o que aumenta a incidência de incêndios.
Já as regiões Sul e Sudeste, principalmente em áreas urbanas, têm sido afetadas por mais chuva, com inundações, enxurradas e deslizamentos de terra.
Ao mesmo tempo, o aumento do nível do mar e a erosão atingem cerca de 35% da costa, com maior concentração nas praias do Norte, Nordeste e Rio Grande do Sul. Suas consequências são a redução da largura das praias, destruição de infraestrutura e impactos na economia local.
O estudo projeta que, se nada for feito, até 2050 o Nordeste, onde vivem atualmente quase 55 milhões de pessoas, segundo dados preliminares do Censo 2022, pode ter parte do território (94%) transformado em deserto, por exemplo.
O relatório “Mudança do Clima no Brasil – síntese atualizada e perspectivas para decisões estratégicas” reúne informações do IPCC e publicações científicas recentes sobre impactos no país.
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